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CRÔNICA: UM AMIGO DAQUELES TEMPOS – JOAQUIM D TOLEDO

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O outono é um ciclo meio esquisito… Isso no meu modo de pensar… Mas também pode ser a visão de mais um, de mais dois… Ou de mais um milhão… Mas também, alguém pode me perguntar se eu não tenho mais nada a fazer, a não ser, falar essas coisas que não acrescentam nada nas nossas vidas… E não deixa de ser uma verdade… Mas eu poderia responder, que penso e falo o que quero e pronto… Se quiser ouvir e interagir, tudo bem… Caso contrário… Não, não responderia de forma mal educada, porque senão, eu poria todo o trabalho de educação da dona Cecília a perder… 

Mas eu sou assim, gosto de observar as coisas e as pessoas… Mas espera aí, essa coisa de observar não é hábito de velho, mesmo porque, ainda mantenho uma aparência jovial… Na verdade, sempre fui assim… observador… Via um dia diferente no meio de um verão, ou no inverno, ou na primavera… O outono eu sempre achei meio esquisitão, porque é totalmente indefinido… Por quê???… Explico: por que é um tal de variar entre dias de inverno, verão e primavera, que eu acabo me perdendo no tempo… Verdade… Acabo não sabendo em que estação eu estou… E aí é um tal de perguntar pra um e pra outro… Sim, tem gente que acha ruim, pensa que eu estou de zoeira, mas não estou, me perco nessa coisa toda… 

E lembrando da dona Cecília, que de tabela me remete ao senhor Joaquim, de quem herdei o nome, por falar em estações do ano, de repente, me vi menino, me vi um adolescente meio sem rumo, e no meio disso tudo, lembro das caras e bocas de muitos amigos… E falando em amigos, incluo as amigas… E é muito legal, meio que voltar para aqueles dias, de estar novamente com a turma, com a galera… Mas, aí, num outro de repente, bate a tristeza, porque mais uma daquelas caras e bocas, se foi… Ando perdendo muitos amigos, e eu aqui, sobrevivendo em meio ao caos… Charles se foi… Lembrando da música Charlie Broen, de Benito di Paula, eu digo, Charles se você quiser, vou lhe guardar eternamente em nossos corações… Vou guardar seu jeito irreverente e alegra… Vou guardar seu jeito agitado de moleque, que ficou grande e seguiu seu caminho… 

Charles…

Charles…

De repente, não mais que de repente, eu me vi no meio de uma turma, de uma família numerosa e barulhenta… Você não morava ali, na baixada da Uruguaiana, mas o ponto de encontro era ali… A casa de seus tios… E a impressão que eu tinha, era que o mundo pra lá se dirigia… Todo mundo se dirigia, para a baixada da Uruguaiana… O louco, é que a molecada da vizinhança, também entrava na roda, era todo mundo amigo, todo mundo parecia fazer parte de um tipo de pacto… E era um tal de cantar: vamos abrir a roda… Porque aquele povo tinha um coração do tamanho do mundo, e recebia a todos de braços abertos… E era um tal de falar daqui, de gritar dali, que não acabava… E, principalmente, era um tal de rir com toda força, sem se preocupar com os problemas da vida… 

Charles…

Charles… 

Se você quiser, vou lhe mostrar, como se torce pro mesmo time… E era assim, ali no meio daquele povo louco, agitado, descobri que todos torciam pro time que eu, então mais uma vez me senti em casa… E assim eu fui ficando, e a cada dia, me identificava mais… E eram tantos nomes, tantas vozes, tantos jeitos de ser… Mas tudo aquilo, ficava um mundo de diferença, enfiada e misturada no mesmo caldeirão… Bem mexido, bem temperado, bem fermentado, porque ali eram todos grandes e fortes… Sim, sim, eu me sentia protegido… Há!!!… Que não inventassem moda pra cima deu, sô… Pois então, Charles, agora você se foi, como alguns daquela casa, daquela baixada… E aí, a minha vida, e acredito que também que cada um, que continua vivo e sobrevivendo no meio do caos, vai concordar comigo, então eu tenho que falar no plural, que a nossa vida, fica mais vazia de caras e bocas, mas repletas de saudades… 

É isso… 

Grande abraço a todos…

Joaquim D Toledo…

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