CRÔNICA: BORA BRINCAR – POR JOAQUIM D TOLEDO

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Estou aqui sentado na minha cadeira preferida… Fone de ouvido tocando as de antigamente e televisão ligada… Eu estou ligado… Nos watts… Ou volts… Ou amps… Não entendeu???… Nem eu… Mas a gente tenta… Antes tentar do que ficar aqui, ao Deus dará… Peraí, não falei em Chico Buarque: Deus dará, Deus dará… Mas e se Deus não dá, como é que vai ficar, nega???… Entendeu???… Não???… Então deixa pra lá… Ou Let It Be… Sim, aí estaremos falando em Beatles… Besouros, tesouros, prazeres…

Então vamos em frente, assim quem sabe sai alguma coisa… Algum pensamento interessante, uma lembrança jamais visitada, uma emoção inesperada, uma sensação bem-vinda… Um olhar repentino, um sorriso suave, um desejo sussurrado, um sopro de vento que nos toca com leveza… A leveza do ser… 

Olhe, lá adiante, no horizonte, no fim do mundo e no começo do universo, desponta um novo amanhecer!!!… Sim, depois do escurecer, depois de tantos corações endurecerem, depois de um beijo esquecido, depois que duas mãos se separaram, depois de tantas vezes, perdemos o compasso…  Eu me desfaço… Hei, man, me diga qual é o caminho de volta para casa???…

Afinal de contas, Deus, quem é você???… Dizem de sua onipresença, de sua onipotência, de sua onisciência… Mas e aí???… As pessoas estão confusas, estão perdidas, estão sem saída… Alguns falam em justiça, desenhando um Deus até raivoso e determinado a eliminar os indesejados…  Outros ainda conseguem falar em compreensão, em paixão, em permissão… Sim, precisamos olhar para o fundo do universo, e voar por todo o seu espaço, precisamos sentir a sua constante metamorfose, precisamos tocar os seus átomos, precisamos ver e viver o passado, presente e futuro, precisamos nos desintegrar e reagrupar… Morrer e viver quantas vezes forem necessárias… 

E Pelé falou Live, Love, Love… E o mundo cantou We Are The Champions… Michael Jackson morreu ou foi ao seu próprio enterro???… Elvis Presley morreu em sua banheira, mas Jim Morrison, da banda The Doors, que também morreu em sua banheira, teve o velório em caixão lacrado e o médico que deu o atestado de óbito, nunca foi encontrado… 

Num fim de dia, parei em um posto de gasolina, para descansar e dormir… Havia andado um bocado… Ia de BH para Ouro Preto… Me sentei em uma escada de três degraus, para ver o dia findar e a noite chegar… Veio o vento, e com ele, um senhorzinho de cabelos grisalhos, que ao passar por mim, me olhou e sorriu carinhosamente… Logo depois, voltou com um pão recheado de linguiça e me disse: coma, você está com fome… O posto fechou, as pessoas foram embora, e eu fiquei diante de um céu tremendamente estrelado… Ventava forte e frio… O senhorzinho se sentou ao meu lado e falou: você gosta de observar… E ele me apresentou cada elemento da natureza, que estava à minha disposição… 

Ele percebeu que eu estava com sono e falou: vá dormir, eu cuido de você… Achei uma parede que me protegia do vento frio, deitei-me e fiz da minha mochila um travesseiro… Dormi a noite toda e acordei com o dia clareando e as pessoas chegando para trabalhar… Me levantei, me aprumei, e fui até uma das pessoas, a quem eu perguntei do tal senhorzinho… A pessoa me respondeu que ele morava sozinho, numa pequena casa, no alto de um morro, no meio do mato, do outro lado da pista, e que aparecia por ali uma vez ou outra… Agradeci à pessoa pela informação, a caminho da pista, agradeci ao senhorzinho, pela aula noturna e segui meu caminho… 

É isso…

Grande abraço a todos… 

Joaquim D Toledo…

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