CRÔNICA: AMIGOS – POR JOAQUIM D. TOLEDO

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Pois ontem eu me pus a caminho do centro de São Paulo, um lugar que conheço como a palma das minhas mãos… Ops, vamos esclarecer, que me conhecer como conheço as palmas de minhas mãos, é apenas uma expressão, e não uma verdade… Porque, na verdade, não há quem se conheça totalmente, a ponto de poder dizer que se conhece como o desenho das linhas de suas mãos…

Mas, numa outra verdade, há sim, que se conheça totalmente… Não podemos esquecer dos monges chineses e dos santos hindus… Bem, preciso deixar claro, que quando falo em Santos hindus, estou me referindo àqueles homens que vivem em meditação, em cavernas de uma determinada região da Índia… Há uma corrente espiritualista, que acredita que Cristo não morreu na cruz, que o acordo de José de Arimatéia com Pilatos, foi a de tirar Cristo da cruz ainda com vida… E que, depois do episódio da crucificação, Cristo teria ido viver numa das cavernas da Índia…

Pois o centro de Sampa, é um mundo de possibilidades… Ali, por aquelas ruas, que até outro dia eram de uma efervescência louca, de caras, cores, ideias, alegrias e tristezas, de milhões de sonhos, você pode ser parado por uma mulher, cujo rosto tem um desenho diferente, estranho, dizendo que você é um ser de luz, e que ela pode ensinar os rituais, que poderá nos levar a uma elevação espiritual, que nos encaminhará ao paraíso…

Mas como está vida é feita de bem e de mal, por aquelas ruas também é possível ser assediado por um filho das trevas, fazendo todo tipo de promessas, numa tentativa de nos carregar para o seu mundo… E digo que o jogo de sedução que um ser das trevas faz, é pesado e fatal… Seu olhar fixo, seus gestos lentos e estudados, seu sorriso envolvente… 

Ontem, quando eu saí da Estação República, e pisei naquela calçada tão conhecida, tão minha, vi o abandono total… Mas também vi a resistência dos hippies com suas tendas, que se misturam com os ambulantes, na luta pela sobrevivência… Mas aquele centro de milhares de pés procurando seus objetivos, aqueles corações batendo no compasso do tamanho de suas expectativas, está deserto… Não existe mais razão para se cantar os encantos da Ipiranga com a São João… A impressão que eu senti, foi a de que o mundo realmente parou…

É isso…

Grande abraço a todos…

Joaquim D Toledo…

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